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Quem Fora Carlos Drummond de Andrade?

  • 21 de jun. de 2024
  • 3 min de leitura

Carlos Drummond de Andrade foi um dos maiores poetas brasileiros do século XX, nascido em Itabira, Minas Gerais, em 1902, e falecido no Rio de Janeiro em 1987. Sua obra é vasta e profundamente marcante, abrangendo não apenas a poesia, mas também crônicas, contos e críticas literárias que o consagraram como um dos ícones da literatura brasileira.


Desde cedo, Drummond revelou uma sensibilidade ímpar para as nuances da linguagem e dos sentimentos humanos. Sua poesia, caracterizada pela introspecção, ironia sutil e uma linguagem acessível e profunda ao mesmo tempo, reflete as inquietações de uma época de grandes transformações sociais e políticas no Brasil e no mundo.


Ao longo de sua carreira, Drummond experimentou diferentes estilos e temas, mas manteve uma voz inconfundível, que mesclava observação cotidiana com reflexões filosóficas sobre a existência, o tempo, o amor e a morte. Seus primeiros poemas, reunidos em "Alguma Poesia" (1930), já mostravam sua habilidade em captar a essência da vida simples e universal, como em "No Meio do Caminho", um dos seus poemas mais famosos.


A obra de Drummond também reflete seu engajamento político e social. Durante períodos conturbados da história brasileira, como a ditadura militar, suas crônicas e poemas se tornaram manifestos de resistência e crítica, sem nunca perder a profundidade poética que o caracterizava.


Além da poesia, Drummond se destacou como cronista, deixando um legado de reflexões perspicazes sobre a sociedade brasileira e o mundo contemporâneo. Seus textos jornalísticos revelam um observador atento e crítico, que abordava desde temas políticos e culturais até questões mais pessoais e cotidianas.


A influência de Drummond na literatura brasileira é inegável. Sua capacidade de traduzir em palavras os dilemas humanos, sua sensibilidade para os contrastes da vida moderna e sua habilidade de se reinventar ao longo dos anos o tornaram não apenas um poeta popular, mas também um autor respeitado pela crítica e pelos seus pares.


Se tratando de curiosidades acerca do autor, o primeiro emprego de Drummond surgiu na infância, trabalhando como caixa em uma loja. Mais tarde, ele se tornou funcionário público, ocupando esse cargo pela maior parte de sua vida.


E embora tenha obtido o diploma de farmácia pela Universidade Federal de Minas Gerais, nunca exerceu a profissão.


Ele fundou uma breve publicação chamada A Revista, que teve apenas três edições, mas foi fundamental para o Modernismo em Minas Gerais.


Drummond também foi editor e redator de quatro dos principais jornais de Minas Gerais: Diário de Minas, Minas Gerais, O Estado de Minas e Diário da Tarde, sendo simultaneamente redator destes últimos três.


Além disso, trabalhou no Imprensa Popular, um jornal comunista liderado por Luís Carlos Prestes, mas deixou o cargo rapidamente devido a discordâncias ideológicas.


Sua primeira obra poética, Alguma Poesia (1930), foi publicada quando tinha 28 anos, financiada por ele mesmo com uma tiragem de apenas 500 exemplares.


Drummond era conhecido por sua habilidade como tradutor, trabalhando não apenas com obras de Balzac, Proust, Garcia Lorca, mas também traduzindo músicas dos Beatles, como as do álbum The White Album, publicadas na revista Realidade.


Ele tinha o hábito de escrever cartas e manteve uma intensa correspondência com Mário de Andrade, um dos intelectuais que mais o influenciaram.


Costumava assinar suas cartas como "Carlos", "Drummond" ou "Carlos Drummond", nunca usando seu nome completo.


Drummond arquivava todas as cartas que recebia junto com as respostas que enviava, possuindo um arquivo com correspondência de 1812 pessoas, o maior do Brasil.


Ele era capaz de imitar perfeitamente as assinaturas de outras pessoas e, para poupar trabalho, falsificava a assinatura do chefe da repartição pública onde trabalhava. Além disso, tinha o hábito de picotar papel e tecido, explicando que isso o ajudava a controlar impulsos violentos.


Apesar de apreciar Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim e outros músicos brasileiros, demonstrou ser um grande admirador de Chico Buarque. Em uma entrevista, afirmou: "Gosto de Chico Buarque, nem é preciso dizer, com quem me sinto identificado".


Drummond faleceu por um ataque cardíaco 12 dias após a morte de sua filha Maria Julieta, vítima de câncer.


Seu último livro de poesia se chama Farewell, significando "despedida" em português.


Sua efígie foi impressa na nota de NCz$ 50,00 (cinquenta cruzados novos), em circulação entre 1988 e 1990.


Uma estátua foi erguida em sua homenagem na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, local onde costumava caminhar. E Itabira tem muito orgulho de ser a cidade natal de Drummond, com monumentos, institutos culturais e ruas em sua homenagem.


Sabe-se, Carlos Drummond de Andrade foi muito mais que um poeta: foi um cronista do seu tempo, um observador agudo da condição humana e um mestre na arte de transformar o ordinário em extraordinário através das palavras. Sua obra continua a inspirar gerações de leitores e escritores, mantendo-se relevante e poderosa mesmo décadas após sua morte.


Por Helida Faria Lima

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